Diego Costa fala sobre quase tudo. Até mesmo das confusões em campo na vitória de 1 a 0 sobre o Real Madrid no último sábado, no Santiago Bernabéu.
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"Não falo apenas de seleção. Se for assim, tudo bem", esclarece ao ESPN.com.br.
A postura não é um pedido do Atlético de Madri. Na verdade, ele entende que já esgotou o assunto em entrevistas e prefere aguardar o desfecho da história do momento. O atacante, que já marcou oito gols em sete jogos e divide a artilharia do Espanhol com Lionel Messi, foi convocado por Luiz Felipe Scolari em março para os amistosos da seleção contra Itália e Rússia, entrou em campo, mas ainda pode vir a defender os atuais campeões mundiais.
O brasileiro de 24 anos é cidadão espanhol desde junho e pode tirar proveito da última versão do estatuto da Fifa, que diz que somente atletas que atuaram em competições da Fifa por um país não podem atuar por outro. O próprio técnico Vicente del Bosque admitiu nesta segunda-feira a possibilidade de chamá-lo.
Enquanto administra a ansiedade para resolver a situação, Diego Costa se acostuma ao papel de protagonista em um time que vem fazendo história nesse início de temporada. Com contrato renovado até 2018, o jogador nascido na cidade de Lagarto, em Sergipe, rejeitou até mesmo uma oferta do Liverpool para curtir esse momento. Nem a provocação dos adversários o incomoda.
"É um jogo, dou sempre o meu máximo, não vou mudar. É lógico que tem coisa que não posso fazer. Mas se falar, vai ouvir", afirma.
Ele mantém os pés no chão, não crava a briga pelo título espanhol e prefere se atentar para a realidade: conquistar novamente a vaga na Uefa Champions League para aliviar a situação financeira do clube.
ESPN.com.br: O que dá para falar sobre a vitória em cima do Real Madrid?
Diego Costa: Para ser sincero, a gente esperava até um pouco mais de dificuldade. Foi complicado, um adversário de nível mundial, com todo o poder que tem. Sabíamos que seria difícil, ainda mais sendo na casa deles. Mas durante a partida, nos encontramos. Fizemos um bloqueio no meio-campo, estávamos compactos, estruturados.
Foi uma grande partida, tive a felicidade de fazer o gol e ajudar o time. Foi algo bonito o que conseguimos (no Santiago Bernabéu). O negócio é continuar com essa mentalidade, como se cada partida fosse uma final.
ESPN.com.br: Até por essa frase, dá para ver que vocês absorveram bem o espírito do Simeone.
Diego Costa: Ele é importante não só para mim, mas para toda a equipe. Mudou o nosso pensamento. Exige que entremos em cada jogo como se fosse o último, cobra o máximo da pessoa, sempre mostrando que há margem para melhora. Outro nome com peso nisso é o preparador físico (Óscar) Ortega, um dos pontos fortes de nosso time. Não deixa passar nada em branco, sempre pendente de tudo que acontece. O futebol tem que ter o trabalho direcionado para essa questão física.
ESPN.com.br: Através desse caminho dá para superar Real e Barcelona?
Diego Costa: É lógico que a nossa meta é entrar na Champions, ainda temos os problemas financeiros de tempos atrás. Então, para assegurar os contratos e melhorar a cada ano, são importantes as competições europeias. Nosso objetivo sempre foi estar entre os três primeiros, não podíamos mudar a forma de jogar, fizemos uma grande temporada na última.
ESPN.com.br: E o título?
Diego Costa: Ainda está tudo no começo, muitos jogos por vir. Vamos dar um passo de cada vez, ganhar as partidas e, se ao fim de tudo tivermos a opção, vamos brigar.
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ESPN.com.br: Essa talvez seja a primeira temporada em que você sabe desde o primeiro dia onde vai jogar. Qual o peso que a renovação de seu contrato tem em seu momento?
Diego Costa: Não mudou muito porque tive a opção de sair. Foi questão de bater o pé e dizer que não queria ir embora nesse momento, estava adaptado ao clube, à cidade, à torcida e era um ano importante em minha carreira.
ESPN.com.br: Por que bater o pé? O Atlético de Madri era favorável à sua saída?
Diego Costa: O clube sempre deixou bem claro que queria que eu continuasse, mas tinha a cláusula. E quando atingem esse valor, a única pessoa que decide é o próprio jogador.
ESPN.com.br: Foi o Liverpool?
Diego Costa: Teve alguns movimentos, mas da minha parte não queria sair.
ESPN.com.br: Nos números, você já se sobressaía em relação ao Radamel Falcão na última temporada, era o jogador mais procurado pelos colegas. Dá para dizer, ainda assim, que somente agora você está conseguindo deixar essa sombra?
Diego Costa: Não é isso, acho que o Falcão tem o respeito de todo mundo, é um belíssimo jogador, fez história com a garotada. Brilhou antes na Liga Europa. Falcão é Falcão, dentro da área é matador, não perdoa.
Eu sempre tentava fazer o melhor, ajudar, servir de alguma forma. A gente se conhecia bastante em campo. Só que eu saía e ele ficava, fazia mais gols, tem no sangue isso. Nesta temporada, veio o (David) Villa, é um atleta especial, tem colaborado bastante, sai para receber e dar o passe. São características diferentes. Uma forma diferente de jogar.
ESPN.com.br: Você tem consciência de que é hoje um dos nomes mais falados no Brasil?
Diego Costa: Como estou fora, não tenho muito acesso, mas, através de minha família, sei mais ou menos como está saindo na mídia. É gratificante que o seu nome seja comentado por algo bom e não ruim.
ESPN.com.br: E a questão disciplinar, você vê bem resolvida? Repercutiu bastante a imagem da bronca do Arda Turan durante o clássico.
Diego Costa: É algo relativo, uma coisa que pegaram. Acho que você tem que usar a sua tática como forma de deixar o adversário nervoso. Em alguns momentos, passo um pouco do ponto, mas estava tranquilo. Sempre converso em campo com o Arda. Não foi nada sério.
ESPN.com.br: E as rusgas com a defesa do Real?
Diego Costa: Clássico é clássico, uma competição. Cada um tem a sua forma de ser, o seu caráter, tem tudo isso. É um jogo, dou sempre o meu máximo, não vou mudar. É lógico que tem coisa que não posso fazer. Mas se falar, vai ouvir.
Se eu desse cotovelada, pisão, poderiam falar que eu sou desonesto. Mas tentar mexer em campo com o adversário é do jogo, cada um defende o seu. Eu tento de tudo e o pessoal também me busca, sabem desse meu lado, tentam me tirar do sério. Não respondo com violência.